Há poucos meses atrás, cursos gratuitos online de
universidades de prestígio eram uma raridade.
Hoje, eles são divulgados
praticamente uma vez a cada duas semanas num momento em que este mercado é
invadido por grandes faculdades e inúmeras plataformas que facilitam o
aprendizado online.
Como parte de uma grande mudança que ocorreu na terça-feira,
dia 17 de julho, uma dezena de universidades americanas de alto nível disseram
ter fechado contrato com o Coursera, um novo empreendimento que oferece aulas
online gratuitamente. Elas ainda devem enfrentar um certo ceticismo sobre a
qualidade da educação pela internet e as perspectivas de que os cursos cubram
os custos de produção, mas continuam entusiasmadas com a ideia.
Mas nas universidades que ainda não estão participando deste
novo nicho de mercado, as reações variam da curiosidade até o medo de perder um
pedaço crucial do mercado acadêmico. Quando a diretoria da Universidade de
Virgínia afastou seu reitor no mês passado - uma decisão que mais tarde foi
revertida - um dos motivos citados foi a preocupação de ser deixada para trás
no mercado de cursos online – a Universidade de Virgínia foi incluída no
anúncio de terça-feira.
"Há pânico", disse Kevin Carey, diretor de
política da educação da Fundação Nova América, um grupo de pesquisa
apartidário. "Se é o caso de pânico sem embasamento, ainda é difícil
dizer."
Cursos onlines gratuitos e massivos, ou MOOCs como são mais
conhecidos, permitem que o público em geral tenha acesso a faculdades de alto
nível a um custo relativamente baixo, mas as instituições ainda não ganham
muito dinheiro com eles. E caso se torne possível nos próximos anos obter uma
educação universitária completa de uma instituição de elite online,
gratuitamente ou a um custo relativamente baixo, especialistas se perguntam se
algumas faculdades irão enfrentar dificuldades em atrair estudantes dispostos a
pagar US$20.000, US$40.000 ou até US$60.000 por ano por seus cursos
tradicionais.
Cursos online existem há anos, com a tecnologia evoluindo
cada vez mais para incluir novos recursos multimídia e de interação entre alunos
e professores. A novidade é a maneira como as melhores universidades estão
abraçando os cursos gratuitos, o que significa estarem praticamente abrindo
suas portas digitalmente.
Até agora, a maioria das pessoas que se inscreve nos cursos
vive em países estrangeiros. Mas os MOOCs devem se tornar mais atraentes para
alunos americanos quando eles começarem a oferecer créditos para cursos de
bacharelado, algo que as universidades de elite ainda não fazem. A Universidade
de Washington diz que planeja fazê-lo, e isso pode ser apenas uma questão de
tempo.
"As grandes universidades deveriam estar preocupadas
com isso, especialmente as universidades particulares, que são caras e não são
necessariamente de elite porque não têm a mesma reputação", como as
universidades de renome que estão criando os MOOCs, disse Anya Kamenetz, uma
autora que costuma escrever sobre o futuro do ensino superior.
As faculdades já costumam atrair muito menos do que a metade
do mercado de ensino superior. A maioria das inscrições e o crescimento dentro
do ensino superior se encontra em opções menos caras que permitem que os
estudantes consigam equilibrar o estudo com o trabalho e a família: faculdades
regionais, escolas noturnas, universidades online.
A maioria dos especialistas diz que sempre haverão alunos
que querem viver no campus, interagir com professores e colegas, especialmente
em universidades de prestígio. Mas, como parte do mercado universitário, é bem
mais provável que isso vire um nicho cada vez menor.
Analistas dizem que as universidades vão inevitavelmente
tentar ganhar dinheiro com os MOOCs, seja através da cobrança de uma taxa de
matrícula ou não. As empresas de software que trabalham junto com as faculdades
têm procurado em anunciar ou vender informações sobre os alunos para potenciais
empregadores.
William E. Kirwan, chanceler da Universidade de Maryland,
observou que algumas faculdades públicas, inclusive o seu sistema University
College, em sua maioria já oferecem cursos online. No futuro, disse ele, a
classe padrão será um híbrido de elementos de aulas presenciais e online, algo
que a Universidade de Maryland já está experimentando.
"Acreditamos que esse tipo de abordagem possa reduzir
os custos em cerca de 2,5%", disse, "permitindo que cada professor
possa trabalhar com uma quantidade maior de alunos, enquanto produz uma clara
melhoria nos resultados de aprendizagem."
Durante uma década, a Iniciativa de Aprendizagem Aberta da
Universidade Carnegie Mellon criou cursos online gratuitos. Mas, para muitos
educadores, a Universidade de Stanford é quem iniciou este tipo de ensino no
ano passado, com um curso gratuito online em inteligência artificial que atraiu
160.000 alunos.
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts iniciou um
projeto de classe grátis, o MITx, em dezembro de 2011. No mês seguinte, um
professor de Stanford que deu aulas para o curso de inteligência artificial
encontrou o Udacity, uma empresa que oferece cursos gratuitos em parceria com
faculdades e professores.
Em abril, a Stanford, Princeton, Universidade da Pensilvânia
e a Universidade de Michigan se juntaram com a Coursera para oferecer aulas
gratuitas. Em maio, a Harvard se uniu com o MIT para criar um empreendimento
similar, o EDX.
Na última semana, mais universidades assinaram com a
Coursera.
"Nossa participação foi literalmente finalizada neste
final de semana passado", disse Milton J. Adams, vice-reitor da
Universidade de Virginia, que listou cinco cursos gratuitos. "Eu com
certeza vou ter que lidar com algumas reclamações de alguns membros do corpo
docente dizendo: 'Por que meu curso não pode estar lá?'"
Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas
cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco
se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para
melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Fonte: Portal IG Educação
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