sábado, 3 de novembro de 2012

Saúde na Escola

Saúde e doença são temas tradicionais do ensino formal. Na prática, o professor assume o papel de educador em saúde ao desenvolver com seus alunos o conteúdo curricular ou ao atender às situações concretas do cotidiano escolar: projetos, campanhas, ocorrência de casos de doença, epidemias, necessidades emergentes dos alunos e da coletividade em que a escola está inserida. Contudo, a importância da formação escolar vai muito além das respostas aos problemas concretos e até mesmo das atividades organizadas em torno do tema.
As contribuições da escola para a saúde são essenciais e múltiplas: participa decisivamente na formação cultural, está na base da preparação para o mundo do trabalho, traz conhecimentos específicos que cada uma das disciplinas aborda em relação à saúde e constitui-se em espaço privilegiado das vivências da infância e da adolescência (Martinez, 1996).
Sabemos que a educação escolar possibilita-nos abrir os horizontes da valorização e da qualidade de vida, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade e a ampliação da autonomia. A escola pode incentivar a riqueza de interesses e ampliar a flexibilidade para encontrar alternativas nas situações de tensão e conflito, enriquecendo decisivamente a elaboração de projetos pessoais nos quais o sujeito possa apoiar-se para enfrentar a vida.
Na realidade, todos os professores estão fazendo opções em relação à saúde, assim como em relação às demais questões sociais, ao selecionarem conteúdos e veicularem conceitos e valores em suas aulas, ao elegerem critérios de avaliação, bem como pela metodologia de trabalho que adotam e pelas situações didáticas que propõem aos alunos.
Isso ocorre porque o processo de ensino e aprendizagem envolve uma determinada concepção do mundo e da forma como vivemos nele. Quando nos conscientizamos desse fato, damos um passo decisivo no sentido de optar claramente sobre o que ensinar e para que educar. Essa importante reflexão vem à tona no momento em que definimos os chamados temas transversais do currículo: as questões que, por sua urgência e relevância social, são consideradas significativas na vivência escolar e devem permear a abordagem do conteúdo de todas as áreas do conhecimento.
A proposta metodológica de tratar a saúde de maneira transversal é um recurso para organizar o trabalho didático, de forma a incorporar os objetivos e conteúdos do tema ao conjunto da ação pedagógica. Podemos considerar que o estudo da qualidade de vida dos povos e a distribuição de doenças no tempo e no espaço são conteúdos presentes nas aulas de História e Geografia. Da mesma maneira, os textos utilizados no aprendizado de línguas e os problemas formulados nas aulas de Matemática trazem mensagens sobre as relações humanas, e, portanto, refletir sobre elas é um dos caminhos para realizar a transversalidade. Observa-se, ainda, que a participação de alunos que não sejam habilidosos esportistas nas aulas de Educação Física e a promoção de seu convívio ativo no grupo, e não apenas como espectadores dos “melhores”, produzem impacto muito maior sobre a saúde do que as longas palestras sobre a importância da prática regular de atividades físicas.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998), a cidadania é considerada o eixo da educação escolar, o que implica eleger determinados princípios que orientam a vida em sociedade e agir para a afirmação destes. No contexto dos princípios democráticos — dignidade da pessoa humana, igualdade de direitos, participação e co-responsabilidade pela vida social —, a educação cidadã concorre para a compreensão da saúde como direito. Mais do que isso, promove o exercício desse direito através da capacitação para agir, individual e coletivamente, sobre os fatores que condicionam a saúde: o cuidado de si e dos demais, a oferta e o uso dos serviços de saúde, as condições socioculturais e econômicas que determinam a qualidade de vida.
Enfim, a educação para a saúde ganha novo sentido para a escola e para a vida quando assumimos que não somos entidades biológicas, mas culturais e sociais.
Da mesma forma que, ao longo do tempo, a visão do processo de ensino–aprendizagem transformou-se, modificaram-se também as concepções de saúde e de promoção da saúde. Valorizamos cada vez mais os laços entre saúde e qualidade de vida individual e coletiva. Ao educar para a saúde, nosso objetivo não é mais a ênfase no conhecimento teórico do corpo humano, pois essa opção não se mostrou suficiente para fomentar a adoção de comportamentos e atitudes saudáveis. O foco desloca-se para a promoção do desejo, do empenho e da capacidade para cuidar de um corpo real.
No que tange à vida reprodutiva, por exemplo, nossa expectativa não é ter alunos capazes de discorrer sobre métodos anticoncepcionais, mas, sim, procurar oferecer-lhes elementos para que possam, se quiserem, optar por sua utilização para ter os filhos desejados, no momento desejado. Da mesma forma, com relação à Aids, não é suficiente saber as formas de transmissão do vírus — o HIV. O conteúdo essencial da educação está no conhecimento e na valorização do uso de medidas eficazes para prevenir a transmissão do vírus, no empenho em cuidar de si e dos demais.
Sabemos que a real importância dos temas transversais está na sua contextualização, pois o significado que tais temas têm no dia-a-dia possibilita a participação ativa dos educandos no processo de aprendizagem, potencializando a aplicação da experiência escolar às demais situações da vida.
Em nenhum momento cogitou-se a hipótese de que a escola colocasse em segundo plano sua tarefa específica de educação para abordar as questões de saúde, por mais relevantes que estas sejam, visto que seria incoerente com a proposta de tratar a saúde como tema transversal. Sendo uma questão que permeia o conjunto da experiência escolar, a educação para a saúde realiza-se com o auxílio das mais diferentes áreas do conhecimento, através dos seus conceitos e informações e, principalmente, através dos valores veiculados no processo de ensino e aprendizagem. Uma abordagem isolada do tema seria incoerente até mesmo com a maneira como compreendemos o processo saúde–doença.
A saúde, entendida como um processo qualitativo que diz respeito ao funcionamento integral do organismo — somático e psíquico, biológico e social — não é mais entendida como sinônimo de ausência de doença. Caminhar em direção à saúde é promover meios para que cada indivíduo possa traçar um caminho pessoal e original em direção ao bem-estar físico, psíquico e social, participando ativamente do controle sobre as condições de saúde da sociedade. Para isso, faz-se necessário o desenvolvimento de um conjunto de recursos objetivos e subjetivos, que permita ao sujeito estabelecer uma inter-relação positiva com a situação social em que vive e com as contradições e dificuldades enfrentadas no cotidiano. A saúde implica, portanto, a valorização da vitalidade física, mental e social para a atuação frente às permanentes transformações pessoais e sociais, frente aos desafios e conflitos (Dejours, 1986).
Reconhecendo que os componentes da saúde dizem respeito a muito mais do que a biologia do corpo humano, os educadores e os profissionais de saúde perceberam que a abordagem técnica tradicionalmente utilizada não dá conta das necessidades atuais. Gera, ao contrário, um forte sentimento de frustração, quando fazemos uma avaliação dos resultados de nossas “ações educativas”, já que falamos, fazemos e pouco vemos o resultado de nossos esforços.
Temos urgência em ampliar e otimizar os recursos para diminuir a vulnerabilidade das pessoas e da sociedade aos processos causadores da enfermidade, pois a cada dia surgem novos desafios, e o resgate dos antigos conhecimentos mostra-se insuficiente. Além da diversidade humana, da crise de valores, da alteração do quadro de problemas de saúde, é necessário considerar que os hábitos e os estilos de vida mudaram ao longo dos anos. Numa época em que predominam a valorização exclusiva do presente e a relativização de todo conhecimento e valor, o que efetivamente significa educar para a saúde e para a vida?
Quando compreendemos os fatores que influem nas atitudes e práticas favoráveis à vida e à saúde, percebemos também que interferir sobre a situação de saúde e a ocorrência de doenças é algo possível para todos. Por isso, o processo educativo em saúde requer a adoção de estratégias de ensino–aprendizagem que possibilitem ao aluno construir e incorporar conhecimentos, e não apenas decorar conceitos. É necessário formular e resolver problemas, gerando oportunidades ao desenvolvimento de atitudes e à utilização prática dos conhecimentos adquiridos. Os novos saberes precisam adquirir sentido para que se integrem e participem ativamente do sistema de regulação do comportamento do sujeito, incorporando-se à reflexão e à ação. O potencial da educação escolar reside, exatamente, na articulação dos conhecimentos, das atitudes, das aptidões e das práticas que possam ser vivenciados e compartilhados com a sociedade.
Em outras palavras, a educação para a saúde só se concretizará se puder contribuir para o crescimento da capacidade de fazer escolhas e para a ampliação das potencialidades pessoais e sociais, traduzidas em atitudes e práticas favoráveis à vida e à conquista de qualidade de vida dos indivíduos e da coletividade.
A saúde, como um tema transversal, valoriza o significado social dos procedimentos e conceitos próprios das áreas convencionais, relacionadas às questões da realidade e ampliando o valor da escola e do professor na formação integral dos cidadãos (Brasil, 1998).
 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE É QUALIDADE DE VIDA
 O projeto Saúde na Escola busca gerar oportunidades de reflexão e atuação sobre as questões de saúde colocadas no presente.
Sob esse prisma, os vídeos e textos de apoio podem auxiliar o trabalho pedagógico em diversos sentidos: despertar a atenção para o tema, trazer novos elementos para a percepção e a compreensão dos fatos, motivar os trabalhos escolares, auxiliar a formação de conceitos, hábitos e atitudes. Podem ainda ser utilizados em projetos ou atividades de integração da escola com a comunidade, cumprindo seu papel, na medida em que contribuam efetivamente para a ação educativa planejada.
Portanto, a recepção dos vídeos, através da TV Escola, e a produção de cópias são essenciais para que o professor utilize o material no momento oportuno, de acordo com a programação de cada Unidade de Ensino.
O vídeo é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa para a prática pedagógica. Entretanto, ele não é um fim em si mesmo. É apenas um meio de informação, motivação ou sensibilização. Daí a importância de organizarmos atividades que permitam que os alunos se apropriem, questionem, reconstruam as mensagens veiculadas. Alguns exemplos podem servir de inspiração para o professor criar suas próprias atividades, de acordo com a realidade de sua escola:
Vídeo: depois de assistir ao vídeo com os alunos, identificar as mensagens que foram mais marcantes para cada um e para o grupo, promovendo um debate; identificar termos desconhecidos e conteúdos a serem aprofundados, buscando novas fontes de informação; desenhar cenas dos vídeos; construir uma história (oral ou escrita) a partir de uma frase sugestiva.
Música: lembrar, com os alunos, de músicas que falem sobre os temas abordados, relacionando cultura e saúde; sugerir que os alunos façam composições sobre os conteúdos mais polêmicos ou significativos.
Literatura e cultura popular: trabalhar com os alunos textos de literatura (poesia e prosa) e de cultura popular que abordem temas relacionados à saúde; pesquisar ditados populares relacionados às situações apresentadas.
Mídia: identificar anúncios em jornal, revista, televisão ou rádio que falem sobre saúde, analisando criticamente suas mensagens diretas e subliminares.
Cotidiano/comportamento: descobrir, na família, como eram os hábitos e costumes de outras gerações; realizar pesquisas sobre valores e comportamentos predominantes em diferentes culturas.
Atividades envolvendo mais de uma turma da escola: organizar feiras; construir horta e pomar na escola ou em espaço comunitário; realizar concursos de frases, desenhos ou composições; promover gincanas; montar peças de teatro ou quadros de mural, abordando os assuntos de maior interesse.
A utilização dos vídeos e textos de apoio poderá trazer algumas propostas e respostas e levar à formulação de muitas novas perguntas. A experiência educativa e a formação continuada serão indispensáveis para realimentar esse processo. Feliz ou infelizmente, não há receitas prontas e efetivas de vida saudável, muito menos que sirvam para todos, indistintamente. Por isso, a atualização precisa ser um trabalho contínuo, que privilegie a participação coletiva e multidisciplinar e que possibilite a análise crítica, a colaboração mútua e o intercâmbio de experiências.
As seguintes referências podem ser utilizadas como apoio para o trabalho educativo:
Os Parâmetros Curriculares Nacionais — em particular, os livros dedicados aos temas transversais — podem ser utilizados para o aprofundamento dos debates e como subsídio para o planejamento escolar. Eles podem ser acessados também pela página do MEC na Internet (www.mec.gov.br). Muitas escolas e Secretarias de Educação dos estados e municípios brasileiros vêm trabalhando na formulação de referenciais para o trabalho educativo no tema.
A identificação dos serviços de saúde existentes na comunidade em que a escola se insere e o contato permanente com eles são recursos importantes para a participação de técnicos na abordagem de temas específicos, bem como para a realização de projetos integrados. Os serviços podem e devem desenvolver estratégias de apoio às necessidades da comunidade escolar.
O serviço Disque Saúde, do Ministério da Saúde, pode ser utilizado gratuitamente pelo telefone 0800 611997 para a realização de pesquisas e resolução de dúvidas por parte de professores e alunos.
Na Internet, o acesso à página do Ministério da Saúde pode ser feito através do endereço eletrônico www.saude.gov.br.
 
 Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais: terceiro e quarto ciclos. Brasília, DF, 1998. 1v.
CENTRO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS PSICOTRÓPICAS – Cebrid, Unifesp. São Paulo, [19—]. (Série de folhetos sobre drogas psicotrópicas).
DEJOURS, C. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 14, n. 54 p. 7-11, abr./maio/jun. 1986.
MARTÍNEZ, A. M. La escuela: un espacio de promoción de salud. Psicologia Escolar e Educacional, v.1, n.1, p.19-24, 1996.
Fonte: Texto Adaptado. O projeto saúde na escola: texto de apoio. Brasília: Ministério da Saúde: Secretaria de Políticas de Saúde: Projeto de Promoção da Saúde; Ministério da Educação: Secretaria de Educação a Distância: TV Escola, 2002, p. 7-14.

domingo, 22 de julho de 2012

Faculdades de prestígio testam popularidade do ensino a distância sem modelo de cobrança bem definido

Há poucos meses atrás, cursos gratuitos online de universidades de prestígio eram uma raridade.

Hoje, eles são divulgados praticamente uma vez a cada duas semanas num momento em que este mercado é invadido por grandes faculdades e inúmeras plataformas que facilitam o aprendizado online.

Como parte de uma grande mudança que ocorreu na terça-feira, dia 17 de julho, uma dezena de universidades americanas de alto nível disseram ter fechado contrato com o Coursera, um novo empreendimento que oferece aulas online gratuitamente. Elas ainda devem enfrentar um certo ceticismo sobre a qualidade da educação pela internet e as perspectivas de que os cursos cubram os custos de produção, mas continuam entusiasmadas com a ideia.

Mas nas universidades que ainda não estão participando deste novo nicho de mercado, as reações variam da curiosidade até o medo de perder um pedaço crucial do mercado acadêmico. Quando a diretoria da Universidade de Virgínia afastou seu reitor no mês passado - uma decisão que mais tarde foi revertida - um dos motivos citados foi a preocupação de ser deixada para trás no mercado de cursos online – a Universidade de Virgínia foi incluída no anúncio de terça-feira.

"Há pânico", disse Kevin Carey, diretor de política da educação da Fundação Nova América, um grupo de pesquisa apartidário. "Se é o caso de pânico sem embasamento, ainda é difícil dizer."

Cursos onlines gratuitos e massivos, ou MOOCs como são mais conhecidos, permitem que o público em geral tenha acesso a faculdades de alto nível a um custo relativamente baixo, mas as instituições ainda não ganham muito dinheiro com eles. E caso se torne possível nos próximos anos obter uma educação universitária completa de uma instituição de elite online, gratuitamente ou a um custo relativamente baixo, especialistas se perguntam se algumas faculdades irão enfrentar dificuldades em atrair estudantes dispostos a pagar US$20.000, US$40.000 ou até US$60.000 por ano por seus cursos tradicionais.

Cursos online existem há anos, com a tecnologia evoluindo cada vez mais para incluir novos recursos multimídia e de interação entre alunos e professores. A novidade é a maneira como as melhores universidades estão abraçando os cursos gratuitos, o que significa estarem praticamente abrindo suas portas digitalmente.

Até agora, a maioria das pessoas que se inscreve nos cursos vive em países estrangeiros. Mas os MOOCs devem se tornar mais atraentes para alunos americanos quando eles começarem a oferecer créditos para cursos de bacharelado, algo que as universidades de elite ainda não fazem. A Universidade de Washington diz que planeja fazê-lo, e isso pode ser apenas uma questão de tempo.

"As grandes universidades deveriam estar preocupadas com isso, especialmente as universidades particulares, que são caras e não são necessariamente de elite porque não têm a mesma reputação", como as universidades de renome que estão criando os MOOCs, disse Anya Kamenetz, uma autora que costuma escrever sobre o futuro do ensino superior.

As faculdades já costumam atrair muito menos do que a metade do mercado de ensino superior. A maioria das inscrições e o crescimento dentro do ensino superior se encontra em opções menos caras que permitem que os estudantes consigam equilibrar o estudo com o trabalho e a família: faculdades regionais, escolas noturnas, universidades online.

A maioria dos especialistas diz que sempre haverão alunos que querem viver no campus, interagir com professores e colegas, especialmente em universidades de prestígio. Mas, como parte do mercado universitário, é bem mais provável que isso vire um nicho cada vez menor.

Analistas dizem que as universidades vão inevitavelmente tentar ganhar dinheiro com os MOOCs, seja através da cobrança de uma taxa de matrícula ou não. As empresas de software que trabalham junto com as faculdades têm procurado em anunciar ou vender informações sobre os alunos para potenciais empregadores.

William E. Kirwan, chanceler da Universidade de Maryland, observou que algumas faculdades públicas, inclusive o seu sistema University College, em sua maioria já oferecem cursos online. No futuro, disse ele, a classe padrão será um híbrido de elementos de aulas presenciais e online, algo que a Universidade de Maryland já está experimentando.

"Acreditamos que esse tipo de abordagem possa reduzir os custos em cerca de 2,5%", disse, "permitindo que cada professor possa trabalhar com uma quantidade maior de alunos, enquanto produz uma clara melhoria nos resultados de aprendizagem."

Durante uma década, a Iniciativa de Aprendizagem Aberta da Universidade Carnegie Mellon criou cursos online gratuitos. Mas, para muitos educadores, a Universidade de Stanford é quem iniciou este tipo de ensino no ano passado, com um curso gratuito online em inteligência artificial que atraiu 160.000 alunos.

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts iniciou um projeto de classe grátis, o MITx, em dezembro de 2011. No mês seguinte, um professor de Stanford que deu aulas para o curso de inteligência artificial encontrou o Udacity, uma empresa que oferece cursos gratuitos em parceria com faculdades e professores.

Em abril, a Stanford, Princeton, Universidade da Pensilvânia e a Universidade de Michigan se juntaram com a Coursera para oferecer aulas gratuitas. Em maio, a Harvard se uniu com o MIT para criar um empreendimento similar, o EDX.

 Na última semana, mais universidades assinaram com a Coursera.

"Nossa participação foi literalmente finalizada neste final de semana passado", disse Milton J. Adams, vice-reitor da Universidade de Virginia, que listou cinco cursos gratuitos. "Eu com certeza vou ter que lidar com algumas reclamações de alguns membros do corpo docente dizendo: 'Por que meu curso não pode estar lá?'"

Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Fonte:   Portal IG Educação

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Cinco por Cento (autor desconhecido)

Tínhamos uma aula de fisiologia na Escola de Medicina logo após a Semana da Pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e assim a excitação era geral. Um velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio. Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que a turma correspondeu? Que nada!

Com um certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio educadamente. Não adiantou, ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa. Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei.

Veja o que ele disse:

" Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez.
Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que nós professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro. Apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem de uma forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Os outros 95% servem apenas para fazer volume. São medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil.
O interessante é que esta porcentagem vale para todo mundo.
Se vocês prestarem atenção, notarão que de cem professores apenas cinco são aqueles que fazem a diferença; de cem garçons, apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e podemos generalizar ainda mais: de cem pessoas, apenas cinco são realmente especiais.

É uma pena muito grande não termos como separar estes 5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria apenas os alunos especiais nessa sala e colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranqüilo sabendo ter investido nos melhores.
Mas infelizmente não há como saber quais de vocês são estes alunos. Só o tempo é capaz de mostrar isso.

Portanto terei de me conformar e tentar dar uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita pelo resto. Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos a aula de hoje."

Nem preciso dizer sobre o silêncio que ficou na sala e no nível de atenção que o professor conseguiu após aquele discurso.       Aliás, a bronca tocou fundo em todos nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de Fisiologia durante todo o semestre: afinal, quem gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte do resto?

Hoje não me lembro muita coisa das aulas Fisiologia, mas a bronca do professor eu nunca mais esqueci. Para mim, aquele professor foi um dos 5% que fizeram a diferença em minha vida. De fato percebi que ele tinha razão e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas, como ele disse, não há como saber se estamos indo bem ou não: só o tempo dirá a que grupo pertencemos.

Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo que fazemos, se não tentarmos fazer tudo o melhor possível, seguramente sobraremos na turma do resto.”

Fonte:   www.pensador.uol.com.br

quinta-feira, 28 de junho de 2012

CARACTERÍSTICAS DE UM BOM PROFESSOR

por Cristina Mellin

As características do professor estão muito ligadas à sua personalidade e ao seu caráter.
Estas características são também individuais e dependem da situação e da matéria.
Sugerimos que você faça uma lista que contenha 5 (cinco) características de um bom e experiente professor.
Geralmente os educadores estão de acordo com respeito às qualidades necessárias.
Como resultado de um seminário, professores elaboram uma lista que contém as características (importantes) de um bom professor, a saber:
1. Conhece profundamente a matéria a ser ensinada.
2. Prepara cada aula de forma específica, identificando claramente o objetivo de cada lição e aula.
3. Explica aos alunos o objetivo da lição.
4. Explica o motivo da tarefa a ser realizada.
5. Cria um ambiente agradável para o aprendizado.
6. Gosta de trabalhar com os alunos.
7. Dá instruções claras e é bem organizado.
8. Apresenta o conteúdo da matéria com modelos ou exemplos.
9. Mantém-se dentro dos limites do objetivo.
10. Exige muito dos alunos, treina-os para que sejam responsáveis quanto ao estudo.
11. Atua de maneira constante.
12. É dedicado e responsável, exige muito de si mesmo.
13. É criativo, versátil na maneira de ensinar, possui novas idéias e novos materiais.
14. É entusiasta e enérgico, porém aceita idéias dos alunos.
15. Notifica o aluno quanto ao seu aproveitamento.
16. É flexível, está sempre disposto a dar e receber (aconselhar e escutar).
17. Provê oportunidades de aprendizagem para os alunos atrasados ou avançados sem causar embaraços, isto é, adapta o ensino segundo as necessidades individuais dos alunos.
18. Estimula a sala de aula para que haja respeito mútuo e cooperação (lições e pesquisas em grupo).
19. Trata os alunos como indivíduos.
20. Respeita as opiniões dos alunos, reagindo sempre de maneira construtiva.
21. Encoraja os alunos a melhorar e ter um bom conceito de si mesmos.
22. Tem senso de humor, expressa seus sentimentos e atitudes.
23. Tem um relacionamento amigável com os alunos, mantendo a disciplina.
24. Coopera com os outros professores.
25. Veste-se de forma adequada.
26. Usa métodos de ensino comprovados.
27. Continua seu desenvolvimento profissional.
28. Conhece a vida pessoal dos alunos.
29. Importa-se em conhecer a comunidade e os recursos locais.

Várias pesquisas indicam cinco pontos essenciais que descrevem um bom professor. São eles:

1) Conhecer bem a matéria.
2) Tratar os alunos como indivíduos e ser amigável.
3) Ser criativo, entusiasta e inovador no preparo das aulas.
4) Ser exigente e manter a disciplina.
5) Manter-se dentro dos limites do objetivo.

CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS DESSES PROFESSORES
1. Demonstram conhecimento da aula.
2. Têm uma atitude amigável uns para com os outros e para com o professor.
3. São responsáveis quanto ao aprendizado.
4. Respeitam o currículo e a escola.
5. Aprendem conceitos, habilidades e atitudes conforme o currículo, segundo os resultados dos testes correspondentes.
6. Demonstram um comportamento que indica uma atitude positiva para com os outros alunos e para consigo mesmos.
7. Geralmente não existe nenhum problema de comportamento em sala de aula.
8. Aprendem muito mais e melhor.

Fonte: www2.uol.com.br

sábado, 19 de maio de 2012

"A difícil arte de escrever" (Maurício Nunes)

“Eu sempre fui um apaixonado por literatura. Conta-se nos dedos as vezes que alguém me viu sem estar com um livro nas mãos. Livros me fascinam e me seduzem.

Recentemente tive a honra de palestrar sobre sexo e cinema (tema de um de meus livros) para uma plateia de interessados, presentes no admirável 3° Salão do Livro de Guarulhos.    No mesmo evento, estiveram vários autores, entre eles o titã Tony Bellotto, que num simpático bate papo, se revelou também um apaixonado por livros e deu uma definição bárbara sobre o tema, onde divagou que o livro é um produto com tecnologia de ponta, pois não necessita fios, tomadas, cabos, baterias, nada e está sempre pronto a qualquer momento que você quiser usufruir do mesmo. Concordo contigo, Bellotto.
O livro é um amigo inseparável que te ensina, conta belas histórias, te faz rir, expande sua mente e mais uma afinidade de benefícios, como o de ampliar o seu conhecimento sobre assuntos específicos e gerais; estimular prazerosamente o potencial criativo; dar a base para se desenvolver argumentos consistentes; ampliar o vocabulário e nos incentivar a pensar e refletir, formando assim uma opinião própria sobre diversos assuntos. Desta forma estamos sempre mais atentos e abertos para novos conceitos e novas transformações. Você está numa fila de banco ou de mercado, o que é melhor? Ouvir o velho lamento de algum estranho sobre o tempo, a política ou a novela das nove, ou viajar no cenário fascinante e mágico criado pelo encontro de palavras que se beijam e se abraçam para ilustrar imagens em sua mente?

Filmes, programas de humor, seriados, desenho animado, animações e outras formas de entretenimento, nascem primeiro na mente de um escritor. Ele desenha a alma e ilustra as emoções de qualquer personagem, afinal o roteiro é a espinha dorsal de obras audiovisuais.Valorize esta figura e acima de tudo exercite em você também este habito. Incentive seus filhos a lerem. Dê de presente livros. É uma excelente pedida e acredite você, estará contribuindo para mudar de alguma maneira a vida daquele que o lerá, pois qualquer livro contém informações que de algum modo nos modificam, nos faz saber mais ou até descobrirmos o quão pouco sabemos.
Crianças que lêem desenvolvem a imaginação e são estimuladas a viajarem pelo mundo do faz-de-conta, onde podem projetar suas emoções sem nenhum risco, criando cenas em sua tela mental, estimulando a inteligência. Fico orgulhoso ao ver meu lindo afilhado devorando livros e livros e vejo o quanto isto influencia e muito nas suas atitudes, gestos e desenvolvimento. Fico muito feliz também quando recebo vários emails de leitores, pois é gratificante esta resposta por parte de quem nos lê, pois o ato de escrever é muito solitário. Poucos autores tem o privilégio de debaterem suas ideias com leitores. Eu amo as letras e como músico, sempre dei preferência à bandas e trabalhos cantados em português, porque me fascina quando a platéia sabe o que o cantor diz e mais ainda quando isto toca fundo no coração desta multidão. Não importa se é rock, samba ou bolero, mas sim o que aquelas palavras dançantes fazem dentro de você. Eu escrevo artigos, peças, roteiros, livros, sempre com base na frase de Sartre de que não se é escritor por ter escolhido dizer certas coisas, mas sim pela forma com que se diz estas coisas. Eu sempre as digo com o coração. Meu texto é escrito com sangue. É coloquial, simples, uma conversa entre amigos, para que todos compreendam e possam em cima disto, criarem as suas ideias e elaborarem suas opiniões. O trabalho do escritor é sonhar com os outros e tentar melhorar o mundo em que vive, pela simples sugestão da ideia. Quando espremo meu cérebro até saírem gotas que para alguns é veneno e para outros o mais sublime dos licores, não se trata de inspiração, mas sim transpiração. Vontade e desejo de fazer com que as pessoas pensem, reflitam, se emocionem e descubram o intenso potencial escondido dentro delas, adormecido pela inércia fomentada pela TV. No final das contas, como diria Saramago: somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não. Coloque a sua verdade para fora e seja bem vindo ao clube.”

Por  Maurício Nunes / MetrôNews   (texto muito bacana que li no jornal mencionado, cujo autor, Maurício, espero que considere-se homenagiado pela simplicidade e beleza com que se refere à leitura e escrita)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Quando Deus criou as mães

Diz uma lenda que o dia em que o bom Deus criou as mães, um mensageiro se acercou Dele e Lhe perguntou o porquê de tanto zelo com aquela criação.

Em quê, afinal de contas, ela era tão especial?

O bondoso e paciente Pai de todos nós lhe explicou que aquela mulher teria o papel de mãe, pelo que merecia especial cuidado.

Ela deveria ter um beijo que tivesse o dom de curar qualquer coisa, desde leves machucados até namoro terminado.

Deveria ser dotada de mãos hábeis e ligeiras que agissem depressa preparando o lanche do filho, enquanto mexesse nas panelas para que o almoço não queimasse.

Que tivesse noções básicas de enfermagem e fosse catedrática em medicina da alma. Que aplicasse curativos nos ferimentos do corpo e colocasse bálsamo nas chagas da alma ferida e magoada.

Mãos que soubessem acarinhar, mas que fossem firmes para transmitir segurança ao filho de passos vacilantes. Mãos que soubessem transformar um pedaço de tecido, quase insignificante, numa roupa especial para a festinha da escola.

Por ser mãe deveria ser dotada de muitos pares de olhos. Um par para ver através de portas fechadas, para aqueles momentos em que se perguntasse o que é que as crianças estão tramando no quarto fechado.

Outro para ver o que não deveria, mas precisa saber e, naturalmente, olhos normais para fitar com doçura uma criança em apuros e lhe dizer: Eu te compreendo. Não tenhas medo. Eu te amo, mesmo sem dizer nenhuma palavra.

O modelo de mãe deveria ser dotado ainda da capacidade de convencer uma criança de nove anos a tomar banho, uma de cinco a escovar os dentes e dormir, quando está na hora.

Um modelo delicado, com certeza, mas resistente, capaz de resistir ao vendaval da adversidade e proteger os filhos.

De superar a própria enfermidade em benefício dos seus amados e de alimentar uma família com o pão do amor.

Uma mulher com capacidade de pensar e fazer acordos com as mais diversas faixas de idade.

Uma mulher com capacidade de derramar lágrimas de saudade e de dor mas, ainda assim, insistir para que o filho parta em busca do que lhe constitua a felicidade ou signifique seu progresso maior.

Uma mulher com lágrimas especiais para os dias da alegria e os da tristeza, para as horas de desapontamento e de solidão.

Uma mulher de lábios ternos, que soubesse cantar canções de ninar para os bebês e tivesse sempre as palavras certas para o filho arrependido pelas tolices feitas.

Lábios que soubessem falar de Deus, do Universo e do amor. Que cantassem poemas de exaltação à beleza da paisagem e aos encantos da vida.

Uma mulher. Uma mãe.

* * *

Ser mãe é missão de graves responsabilidades e de subida honra. É gozar do privilégio de receber nos braços Espíritos do Senhor e conduzi-los ao bem.

Enquanto haja mães na Terra, Deus estará abençoando o homem com a oportunidade de alcançar a meta da perfeição que lhe cabe, porque a mãe é a mão que conduz, o anjo que vela, a mulher que ora, na esperança.

Autor desconhecido 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O PROFESSOR NA MODERNIDADE


A postagem deste texto, com o devido crédito, é também uma homenagem à autora, cujo trabalho de professora, que conheço, deve ser valorizado sempre...

Para ensinar há uma formalidadezinha a cumprir - saber.
Eça de Queirós

"Tendo-se completado um século da morte do grande escritor Eça de Queirós, sua sabedoria continua a nos inspirar, pelo conhecimento que tinha da alma e dos costumes humanos e pela capacidade de expressá-lo em sua obra, como é próprio aos bons romancistas. Esse é o seu saber. Quando se trata do trabalho do professor, que tipo de saber poderia caracterizá-lo no exercício de sua função? Tentaremos responder à questão através de algumas reflexões.
Atualmente, na sociedade capitalista e globalizada na qual estamos inseridos e da qual fazemos parte, há mudanças constantes, rápidas e permanentes, no âmbito cultural, político, econômico, prontas a preencherem um presente obcecado pelo mito do progresso. Isso, muitas vezes, provoca um desconcerto no sujeito que está inserido nessa realidade "fragmentada". Em diversas situações, esse sujeito não sabe como agir, como articular as múltiplas informações que chegam a todo o instante até ele. Ou seja, não sabe apropriar-se de sua realidade e adquirir uma consciência crítica sobre ela.
Talvez, neste momento, comecemos a entender verdadeiramente o papel do professor, grande agente do processo educacional e da transformação da sociedade da qual faz parte. Por mais sofisticadas que possam ser as tecnologias ao nosso dispor, por mais diversificadas que sejam as ofertas educativas na sociedade do conhecimento, nada poderá substituir a presença desse adulto que dá testemunho de uma experiência e de um saber, que explica e que interpela, abrindo caminho a verdades desejadas.
Professor é o que aprende sempre. E é capaz de ler o mundo sob perspectivas múltiplas e, por vezes, inusitadas, compartilhando o conhecimento vivo que constrói e reconstrói, quando necessário, com seus alunos. É alguém que está constantemente criando, dividindo anseios, idéias, alegrias, frustrações, conquistas... E tem a humildade e a capacidade de reconhecer quando se faz necessária uma mudança.
Affonso Romano de Santanna, escritor e crítico literário, afirma, referindo-se à questão do "saber" e do "poder" que se enriquece o saber combatendo-se o poder que ele aparenta. E ratifica sua idéia dizendo que uma forma de incrementar o poder é o "perder". Assim, o melhor professor seria aquele que não detém o poder nem o saber, mas que está disposto a perder o poder, para fazer emergir o saber múltiplo. Neste caso, perder é uma forma de ganhar e o saber é recomeçar.
Desaprender a lição, recomeçar a aprender estão muito de acordo com o momento atual, em que vemos a sociedade brasileira se repensando, reaprendendo o Brasil, em busca de uma nova ordem institucional. Daí, então, a pesquisa da realidade como elemento essencial no currículo da verdadeira aprendizagem. E a importância, o papel singular do professor como mediador no processo de construção do conhecimento e da consciência crítica do educando." Alguém que deixa de ser "o que sabe" para ser "o que aprende sempre".

Autora:  Maria Carolina Viana Vieira / Profª de Língua Portuguesa

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Professores não são preparados para ensinar

(Me deparei com a matéria a seguir, muito bem comentada no Portal IG.  Imediatamente decidi abrir um blog para postar as notícias da área da Educação e também outras ferramentas didáticas que me auxiliem, auxiliem outros professores e também aos alunos.   Mas como não tenho muito tempo em razão dos trabalhos, serão postados apenas o que eu gostaria que fosse arquivado.  Boa leitura !  Segue a matéria:)

Na faculdade, futuro professor gasta maior parte do tempo com "fundamentos teóricos".

Um professor com poucas oportunidades de aprender a dar aula é como um médico que não sabe tratar do paciente ou um advogado que não conhece os caminhos para defender o réu. Mas o que parece tão contraditório é uma realidade no caso dos educadores. O problema é comprovado por pesquisas, práticas e maus resultados que são tema de série que o iG Educação publica de hoje até quinta-feira.

Em todas as etapas de formação, os docentes enfrentam restrições ao aprendizado do próprio ofício. A universidade reserva a menor parcela do curso a lições de como, a bibliografia sobre o assunto é desproporcional à demanda e o tempo de aprendizado dentro da escola – apesar de previsto em lei – é desviado para assuntos burocráticos.

Para piorar, o modelo pelo qual os próprios professores aprenderam e que muitos replicam há décadas empaca diante de uma geração moldada pela facilidade e rapidez de resposta da internet. “A sociedade não precisa mais de alguém que traga a informação. Isso o computador pode fazer. No entanto, a sociedade precisa cada vez mais de um mestre que ensine a pensar, a resolver problemas, a produzir conhecimento. Só que dificilmente o educador sabe como fazer isso”, resume o professor emérito em Educação na Universidade de Paris 8 e visitante na Universidade Federal de Sergipe, Bernard Charlot.

Na opinião dele, os problemas de formação são potencializados pela tecnologia a que os alunos têm acesso, mas continuam sendo os mesmos. “A questão não é se o professor sabe promover o aprendizado naquele ambiente, mas se ele tem repertório para ensinar em vez de reproduzir informação”, diz.

Pesquisas mostram que o problema começa enquanto o futuro mestre ainda é o aluno. A Fundação Carlos Chagas analisou detalhadamente os currículos de 94 faculdades de Letras, Matemática e Ciências Biológicas em todas as regiões do País por dois anos e concluiu que o “como ensinar” está longe de ser o foco dos cursos.

Em Letras, apenas 5,7% das aulas focavam em “didáticas, métodos e práticas de ensino”, em Matemática, 8% e, em Biológicas, 10%. Todo o restante do curso forma especialistas em cada área, explica o sistema educacional, expõe fundamentos teóricos ou mesmo apresenta “outros saberes”. A introdução de temas tecnológicos apareceu em apenas 0,2% dos currículos.

Os dados da pesquisa, publicada em 2008, até agora não geraram mudanças sistemáticas. Dentro de limites genéricos como “fundamentos teóricos” e “conhecimentos específicos”, as universidades têm autonomia sobre os conteúdos dos cursos e, como simples orientador, os governos que tomam iniciativas têm resultado tímido na mudança dos currículos de faculdades para professores.

 No Espírito Santo, a gerente de formação do magistério da Secretaria de Educação, Tania Paz, chamou 33 faculdades para debater os resultados e propor mudanças. Só 23 aceitaram. Ao longo de um ano foram nove encontros em que a Fundação Carlos Chagas participou, mas ao final não é possível dizer se haverá alteração prática. “Mostramos para eles nossas necessidades em sala, mas dentro das instituições a decisão é dos coordenadores de curso”, afirma a gerente.

Para ela, a dificuldade na formação é a base da crise educacional que o País enfrenta. “Fizemos uma avaliação diagnóstica do que era preciso melhorar no sistema a partir das dificuldades dos alunos e a conclusão é sempre a mesma: o professor”, afirma, ponderando que o profissional é, ao mesmo tempo, vítima e reprodutor do problema. "Muitos já escolhem a profissão por não conseguir aprovação nas carreiras mais concorridas por conta de uma educação ruim que tiveram e vão perpetuar enquanto não conseguirmos buscar formas de compensação."

“ A questão não é se o professor sabe promover o aprendizado naquele ambiente, mas se ele tem repertório para ensinar em vez de reproduzir informação",     professor Bernard Charlot

O Ministério da Educação também encontrou um problema ainda anterior aos currículos das faculdades: a falta de livros sobre didática. Um edital para compra de material aberto de 2008 a 2011 resultou em apenas 100 obras aprovadas, segundo o então ministro da Educação, Fernando Haddad. “Mundo afora, você vai ver que chega a centenas de milhares de títulos. No Brasil, se uma pessoa iluminada quiser fazer mudanças num curso de licenciatura, vai ter de forjar o próprio material”, comentou às vésperas de deixar o cargo, em janeiro.

Na época, ele dizia que a colaboração do governo federal seria montar uma prova para professor que seria baseada em didática e acabaria incentivando a mudança nos cursos. "Hoje, 70% dos concursos públicos para admitir educadores são feito de questões jurídicas. Está mais para teste da OAB do que docência", comentava. Até o momento, no entanto, não há anúncio oficial da avaliação anunciada há dois anos.


Fonte:   Cinthia Rodrigues,  Portal  iG São Paulo
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Prece de um professor:


Jesus,Mestre Amado,permite que eu, Mestre na terra.

Honre a verdade caridosa do Teu exemplo.

Ensina-me o caminho do conhecimento,

mas, sobretudo, a simplicidade generosa do sábio.

Mostra-me Senhor o equilíbrio que deve existir

entre a bondade que afaga e energia que corrige.

Ampara-me, fortifica minha vontade,

socorra-me na vacilação da minha inteligência.

Faze-me escravo mesmo de Tua Perfeição

para que meus discípulos sejam maiores do eu sou.

Abre meu coração, Mestre, lá dentro guarda a esperança

e meu trabalho,todos os dias, será uma vitória,

apesar da incompreensão de alguns ou da indiferença de todos.

Abranda minha ânsia em querer tudo onde pouco existe,

já que a constância do Bem faz sua própria colheita.

Concede-me a modéstia para saber que não tenho riquezas para dar,

mas que poderei ensinar a cada um descobrir seus próprios tesouros.

Dá-me um gesto amigo para fazer de meu discípulo um amigo,

mas arranca de mim, eu te suplico, a injustiça que mata,

a prepotência, o orgulho vão, a mentira que, já no principio,

apunhala uma vida que será, também, um pouco da minha vida.

Mestre Jesus, que eu possa, afinal, bem cumprir a tarefa

e que meus discípulos recebam, pela minha palavra,

a Benção da Tua Verdade, Sabedoria e Amor.

Autor: Wandelli Peçanha